Dentes Grandes e Arcadas Estreitas: Hora de expandir os Horizontes….

A forma como o conjunto das arcadas dentárias oclui seus dentes, definindo uma determinada mordida, está relacionada ao processo de estruturação de condutas e de ordenação das formas de atuação de um indivíduo. Essas condutas e essas formas de atuação estão diretamente relacionadas à maneira como podemos agrupar e associar funções distintas e fazer dessas funções conjuntas. Cada dente está relacionado à uma função, um sistema orgânico, a um centro de força, as glândulas, as articulações, as vértebras, etc.

Estas funções estão relacionadas, pois, aos nossos recursos de atuação e expressão à medida que, ao longo da experiência de vida e através do sensorial vamos sendo estimulados através de um conjunto de um largo dental a fazer cada vez mais associações de funções. Cabe à oclusão ou aos pontos de oclusão que desenvolvemos, a descrição do que podemos aproveitar dessas habilidades. É a oclusão dos dentes inferiores e superiores que nos ajudam a desenvolver a inteligência, a capacidade de assimilação e o processamento de conceitos e valores. Cada espécie tem características posturais e quantidade de dentes específicos. Na espécie humana, no conjunto das arcadas superior e inferior, é onde desenvolvemos todas as características e habilidades de perceber e entender aquilo que somos e estamos – somos na arcada superior e estamos na arcada inferior.

A ordenação das arcadas possibilita a organização das várias funções que cabem a cada dente, de uma maneira funcional. A grande função das arcadas, em especial no seu ponto de conexão com os ossos alveolares é determinar a maneira como cada indivíduo consegue agrupar as várias funções e utilizá-las de forma equilibrada, em associado, sem que isso interfira no funcionamento dos circuitos cerebrais. Para isso observamos a oclusão e como ela acontece, principalmente a oclusão dos dentes anteriores.

A arcada atrésica reflete um indivíduo que sofreu limitações, inibições ou proibições dos próprios movimentos durante a infância. Normalmente estão inseridos em famílias com padrões de criação muito rígidos, com ausência de diálogo, frequentemente num ambiente cheio de atritos e desentendimentos, com pais autoritários ou até mesmo repressores, onde há uma imposição excessiva de normas e cheio de proibições sem fundamento. Este entorno cria na criança um padrão de comportamento muscular refletido na boca através de um cerrar contínuo dos dentes, de uma tensão crônica na musculatura bucal e de um comportamento característico da língua, gerando maxilares atrésicos. Normalmente este indivíduo terá dentes que não lhe cabem nas arcadas. Dentes grandes em arcadas pequenas refletem um indivíduo com dificuldades de lidar com limites, mas que se obriga a estar dentro deles por sua dificuldade de extrapolar a família. Estes indivíduos tenderão a não buscar a ampliação social, cobrando que o ambiente familiar cumpra todos os seus anseios, todas as suas necessidades sem quaisquer restrições. Reflete uma exigência com o entorno familiar ou limitado em que vive. Ele escolhe o social limitado (sua família), seu clã, do qual ele se torna parte, e é como se esse clã tivesse o compromisso de sustenta-lo, de facilitar-lhe a vida, e de não colocar nenhuma habilitação, nenhuma proibição, àquilo que é sua demanda. Esses indivíduos terão a tendência de se prendem à família ou ao seu “clã” e não ampliam o leque de possibilidades no âmbito social. Visto de outra forma, a atresia das arcadas é também uma forma que inteligência do corpo utiliza para favorecer no indivíduo, o desenvolvimento de uma condição mais humanizada.

A medida que estimulamos a ampliação das arcadas com dispositivos ortopédicos individualizados e apropriados, estaremos possibilitando neste indivíduo a diminuição da capacidade de aceitar a forma imposta pelo social. Expandindo as arcadas, estaremos promovendo crescimento e devolvendo ao individuo uma condição estética favorável. O crescimento deve ser gerenciado mensalmente e estimulado paulatinamente enquanto se desenvolve, de forma concomitante, uma pedagogia humana que o habilite no exercício equilibrado e devidamente sustentado destas novas possibilidades em seu horizonte de eventos.

Com esta intervenção ortopédica e pedagógica, o palato, que representa o nosso céu, se abaixa e assim, o “nosso céu” fica mais perto da “nossa terra”, representado pela mandíbula, o que promove no indivíduo uma vontade maior de materializar no mundo concreto e real. E assim, o auto crescimento pode ocorrer no horizonte de eventos através de uma experimentação ampliada.